UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ENERGIA E AUTOMAÇÃO ELÉTRICAS
PEA-5899 - INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA – ANÁLISE SISTÊMICA AVANÇADA PARA AMÉRICA LATINA
EDGARD GONÇALVES CARDOSO
Integrating techno-economic, socio-technical and political perspectives on national energy transitions: A meta-theoretical framework
Aleh Cherpa, Vadim Vinichenko, Jessica Jewell, Elina Brutschin, Benjamin Sovacool
Resenha apresentada à Universidade de São Paulo como parte dos requisitos de avaliação da disciplina de Integração Energética – Análise Sistêmica Avançada para América Latina do curso de pós graduação stricto sensu em Energia, sob orientação do Profº. Dr. Miguel Edgar Morales Udaeta, e do Profº. MsC. Vinícius Oliveira da Silva.
O artigo “Integrating techno-economic, socio-technical and political perspectives on national energy transitions: A meta-theoretical framework” parte do pressuposto de que a literatura existente não é consistente na identificação de disciplinas que expliquem as transições de energia, com combinação de ideias e investigação de fatores como desenvolvimento econômico, inovação tecnológica e mudança de políticas.
O artigo tem como objetivo avançar a compreensão das transições de energia propondo um quadro meta-teórico baseado em várias tradições acadêmicas.
Os autores propõem no artigo três perspectivas sobre as transições nacionais de energia: a tecno-econômica, com suas análises de sistemas de energia e vários domínios da economia; a sócio-técnico, com suas raízes na sociologia da tecnologia, STS e economia evolutiva; e a política, com suas raízes na ciência política. Essas perspectivas são derivadas da co-evolução de outros três tipos de sistemas que embasam as transições nacionais de energia, sendo: fluxos e mercados de energia, tecnologias energéticas e políticas relacionadas à energia. Com base nessas perspectivas propostas, os autores propõem uma estrutura meta-teórica para analisar a energia nacional transições. Assim, quando se compara a proposição dos autores com a meta-teórica existente literatura, a estrutura das três perspectivas eleva o papel da ciência política, visto que, de acordo com os mesmo, é provável que as políticas sejam cada vez mais proeminente na formação das transições de energia do século XXI.
Considerando o objetivo avançar a compreensão das transições de energia propondo um quadro meta-teórico baseado em várias tradições acadêmicas, os autores estabeleceram três escolhas sobre o escopo dos fenômenos que nós a serem analisados.
A primeira escolha foi sobre os limites dos sistemas de energia, limitados aos ao setor de energia, ou seja, à conversão e uso de energia por pessoas, desconsiderando crescimento econômico e populacional, bem como outros fatores externos ao setor de energia influenciam claramente as transições de energia, classificando-os apenas como forças motrizes externas, e não focos centrais da análise.
A segunda escolha foi seguir as ideias presente no artigo Apples, oranges, and consistente comparisons of the temporal dynamics of energy transitions, dos autores Arnulf Grubler, Charlie Wilson e Gregory Nemet, que define uma transição energética como uma mudança no estado de um sistema de energia em oposição a uma mudança na tecnologia energética individual ou na fonte de combustível.
A terceira e última escolha dos autores foi focar planos nacionais (e não setoriais ou local) de transições energéticas, pois as transições energéticas nacionais dizem respeito a economias nacionais relativamente bem definidas, leis e regulamentos, recursos naturais e infraestrutura, sendo contabilizados nas estatísticas e planos nacionais disponíveis para análise, o que concorre para validação ou refutação de explicações teóricas.
No artigo, especialmente na seção 2, a qual trata da revisão da literatura, foi utilizado um método dedutivo para identificar abordagens acadêmicas relevantes para compreender as transições nacionais de energia com base nos conceito de co-evolução de sistemas naturais, tecnológicos e sociais.
Na Seção 3, os autores argumentam que as transições energéticas nacionais envolvem co-evolução de sistemas distintos delineados por fluxos de energia e mercados, tecnologias energéticas incorporadas ao contexto técnico-sacial e ações políticas que afetam a formulação e implementação políticas energéticas. Eles apresentam como a análise acadêmica desses sistemas distintos dá origem à abordagem tecnoeconômica, perspectivas sócio-técnicas e políticas sobre as transições energéticas nacionais. As três perspectivas sobre transições nacionais de energia são: sistemas tecnoeconômicos definidos por fluxos de energia associados a processos de extração, conversão e uso de energia envolvidos em produção de energia e consumo coordenados pelos mercados de energia; sistemas sociotécnicos delineados por conhecimentos, práticas e redes associadas a tecnologias de energia; e sistemas de ações políticas que influenciam políticas relacionadas à energia.
Na Seção 4, os autores comparam as três perspectivas com as estruturas existentes nos estudos meta-teóricos, sintetizando ajustes e desvios de perspectiva e propondo um método geral para sua aplicação, seguindo a abordagem-quadro desenvolvida por Elinor Ostrom[1] e suas colegas de pesquisa, estrutura essa ilustrada no artigo, comparando transições de eletricidade na Alemanha e no Japão.
Por fim, conclui-se que o artigo contribuiu com a literatura existente sobre a temática por focar em um problema específico de transições energéticas nacionais, as quais apresentam mudanças em três sistemas em co-evolução: fluxos e mercados de energia, tecnologias de energia, políticas relacionadas à energia, cada uma em uma ramo específico da academia, enquadrando três perspectivas sobre transições de energia: técnico-econômico, sócio-técnico e político. Eles também propuseram e ilustraram um método para analisar transições energéticas nacionais, inspiradas e guiadas pela abordagem da estrutura de Elinor Ostrom. Esse trabalho pode apresentar perspectivas para uma teoria de alcance médio das transições nacionais de energia, visto que é provável que a teoria apresentada seja mais viável e útil do que quaisquer "grandes teorias".
Assim, apesar de o artigo tratar de temáticas extremamente amplas e complexas, consegiu sintetizar e concatenar boas ideias, muito possivelmente pelas referências, que são muito consistentes.
[1] Elinor Ostrom (Los Angeles, 7 de agosto de 1933 — Bloomington (Indiana), 12 de junho de 2012) foi uma economista americana. Em 2009, ela compartilhou o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas com Oliver E. Williamson por "sua análise da governança econômica, especialmente os comuns". Até à data, ela continua a ser a única mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Economia.
Referência
Cherp, A. et al. (2018). Integrating techno-economic, socio-technical and political perspectives on national energy transitions: A meta-theoretical framework. Energy Research and Social Science. Elsevier, 37, pp. 175–190. doi: 10.1016/j.erss.2017.09.015
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